quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Wladislaus Dragwlya... Ou seja, Vlad Tsepesh... Dracula - Parte 01


No final do universo, talvez um lugar bonito, quando todo nosso tempo se esvair pelos dedos e a carne perecer, teremos um novo começo. Quando enfim, depois da travessia do vale de trevas do espaço, os divididos se unirem novamente como quando tudo começou... Independente de quem fomos... Independente do que fizemos... Isso já não importará mais. Novamente tudo será perfeito, como a sede e a água, juntos se completam e separados são nada. Meu bem único e mais precioso, minha jóia de sangue bastardo cristalizado no tempo.




Wladislaus Dragwlya... Ou seja, Vlad III Tsepesh... Dracula.

Sim, ele assinava seus documentos em Latim (#badass) "Wladislaus Dragwlya, vaivoda partium Transalpinarum"

Algum tempo postei sobre o amor verdadeiro, aquele post especificamente era para esse homem. Não se trata de afeição romântica (okay, talvez um pouquinho... Só um pouquinho) mas de uma adorável comoção sentimental, uma admiração silenciosa (seja lá que infernos eu esteja querendo dizer) e FINALMENTE chegou a hora de falar sobre a vida dele, tim-tim por tim-tim (sempre adorei essa expressão) já que é um assunto do meu maior interesse, vou tentar fazer um post realmente completo com cada detalhe que possa vir a interessar.

É um discurso muito batido falar coisas como "essa é a história do verdadeiro Dracula" ou "o homem por trás do mito" ou "Se procura por histórias de vampiros aqui não é o seu lugar"... Todo mundo já cansou de ouvir essa coisa toda, mas não custa repetir a missa.  Essa é a história do notório déspota militar, sanguinário e cruzado, não do famigerado personagem não oficializado príncipe da noite do Stoker (apesar que esse papel cai muito bem nele hohoho.) Então, agora que o aviso está dado, bora começar a história.

P.S. Adicionando o seguinte, o que for descrito aqui está sujeito a erros, então, sem descer pra baixaria né LOL


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Excerto Casual - O Infiel


Minha irritação aumentava lentamente, e de maneira contraditória eu bem sabia o porque, parecia que havia sido sentenciado a eternidade na escuridão, como se meu destino fosse permanentemente envolto em trevas, uma vida desprovida de calor e aconchego. Posso aventurar-me a dizer que estou tão longe da salvação quanto um vagabundo entregue aos vícios, afinal na Grande Cruzada era Vencer ou Morrer, até o presente instante falhei em ambos, tão distante do descanso descrito lindamente pelos livros bíblicos que eu li e pela desenvoltura de tantos sacerdotes e agás que ouvi, se algum dia fui provido de liberdade, com os anos me tornei cativo da minha própria guerra, devastado por meu próprio eu. Comi a hóstia, Seu corpo e bebi o vinho, Seu sangue. Luto em Seu nome, faço intrigas pelo mesmo, e até onde isso será certo? Mesmo que em meu íntimo eu desconfie, sozinho nada sou contra a miserável cristandade romana, nada posso fazer pois minha batalha, essa que consumiu minha vida, não é financiada com trigo, mas com ouro, ouro cristão.

Essas blasfêmias não abandonam minha mente, como se fossem sussurros de demônios aos meus ouvidos, dizendo que estou fechando os olhos para problemas maiores, que estou cego, capturado, amarrado, amordaçado, sozinho.

Parva consciência que atormenta meu espírito! Cala-te! ...Não convém conversar sozinho. Esse Deus que faço-me rezar toda noite, será que o Senhor escuta as minhas preces? Nunca às respondeu.  Eu não clamei por Seu reino, não esperei Seus presentes, então Pai, por que me parece que abandonaste seu filho?

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Bem! Começando com esse novo projeto, nada extravagante. O Excerto Casual seria um espaço especial para publicar (de maneira não periódica) pequenas partes de algumas obras pessoais, alguns pensamentos que se tornam algum tipo de poema ou história. Ideia boa? Não sei, mas agora tenho mais liberdade para escrever qualquer tipo de texto e postá-lo.

Enfim, o Infiel nasceu de uma fanfic antiga, ele já estava praticamente pronto só precisava de mais alguns enfeites, um misto de ferimentos auto flagelados. Pessoalmente não me orgulho muito dos meus trabalhos antigos, não morro de amores pelos templários, acho até que lutaria pelos turcos mas... Acho que precisava postar esse excerto.

Vive la vie

quarta-feira, 27 de março de 2013

A Separação


Quando o mundo virou seu rosto para mim, mostrando suas garras, mostrando que a não é a vida que é cruel mas sim as conseqüências de nossos atos, de repente, eu virei meu rosto também, me escondendo sob asas negras, sob as asas daquele anjo sem nome, não propriamente dito um anjo, talvez um anjo que era mais demônio, ou um demônio que era meio anjo. Um que virou sua capa feita de trevas ao meu redor me separando de toda culpa, me livrando de toda conseqüência, e dizendo com sua voz entorpecedora “Enquanto estiver entre meus braços nenhum terror ousará te assustar”.

Caminhará pelo vale das trevas sem nada temer...

Poderia eu acreditara...?

Três batidas do meu coração, um suspiro dolorido, um abrir de olhos.

-Autoria Própria



Amor e suas Incógnitas



 Não faz muito tempo que descobri o que é o amor.

O Amor não é brigar em um instante e no seguinte se arrepender, desculpar-se e então reatar a situação já partida, amor é não brigar em primeiro lugar.

Amor não é desejo, não é a braço, não é beijo, não é sexo. Mesmo que o desejo e o carinho sejam matéria prima da escada para alcança-lo, para se chegar até o amor leva muito, muito tempo, muito mais do que essas motivações podem durar.

Amor não é querer uma pessoa sob seus olhos para vigiar obsessivamente se ela vai cometer um deslize ou ferir sua confiança, amor é sim querer ter esse alguém perto de você mas por receio que ela se machuque.

Amor não é pessimista, não é bruto, não é destemperado como o oceano, amor é calmo como as águas de um poço no verão, é paciente, e quando uma folha cai em suas águas, ela apenas faz aquelas pequenas ondinhas delicadas, transmitindo paz até mesmo para as mais rudes criaturas.

Amor é superar as diferenças, aceitar o próximo como aceita a si mesmo, é atravessar o nível do ataque e começar a criar uma defesa.

Esse sentimento sublime é muito facilmente confundido com sua prima mais jovem, a paixão. Pois essa jovenzinha cheia dessa energia arrebatadora também quer proteger, quer amar, quer viver, e dominado por esse sentimento apaixonado o ser passa de temperado para insano, pois sua energia é entorpecedora, fazendo com que a “vítima” se torne um servo daquele sentimento, ocilando entre o desejo, a serventia e o ódio agudo em segundos, no entanto tudo tem “um porém”, a paixão passa, pode durar de seis a nove meses, talvez um ano.E quando ela passa, ela não deixa amor como presente de despedida. Esse amor que aqueles da relação deveriam ter construido com o passar do tempo.

Também descobri que amor pode se transformar em ódio, e dos mais puros que existem! Todos somos animais, e animais tendem a ter instintos para sua própria proteção. Um amor que é ferido constantemente, por mais humilde que a pessoa seja, vai se transformar em ódio, não porque “amor e ódio andam de mãos dadas”, não! O certo dessa frase teria de ser “Paixão e Ódio...” .  Não precisa amar para odiar, mas o amor também pode virar ódio, não por causa do amor, mas por causa das agressões que sofre, um jogo simples de consequência.

Alguns podem discordar de mim, eles tem direito, mas acredito que finalmente posso dizer que entendi o amor, e também posso dizer que o encontrei, e ele , em algumas partes, nem sequer é só romântico como dizem por ai...


-Autoria Própria.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ana - Desequilibrada - Karênina

Ha quanto tempo! Antes de crucificar, tentem entender... Era época de ENEM(to-ai), tive que fazer uma pausa antes para revisar, e uma pausa após para me recuperar porque, se aquilo não é um tipo de atentado,  então eu já não sei mais o que é ser levado ao limite com questões cansativas que em parte só querem fazer você se confundir e marcar a letra C (no meu caso, a sorte é a inicial do meu nome) E ser coagido por horários e metas, e o car*lho a quatro.

Enfim! Não, não é um post sobre o ENEM, então vamos ao que interessa.


                                                                      Ana Karênina


Vocês viram? O filme vai estrear ano que vem, pelo que vi no trailer não vai ser uma reprodução muito "fiel", mas ainda tenho esperanças. Outras representações já foram feitas no balé, TV, e cinema, exemplo?Minha versão favorita até agora é a em preto e branco em que Vivien Leigh interpreta Ana (apesar de não parecer exatamente como eu imagino a personagem) em 1948 (sim! Vivan Leigh é a Scarlat O'Hara em E o Vento Levou) E eu, muito cheia de "senhor, pois não?" fui correndo ler essa obra, não porque vai sair o filme, não porque eu quase tive orgasmos mentais ao ver no trailer aquele belo cenário musical e algumas boas críticas do diretor, mas na verdade porque meramente o autor da obra é russo.

Eu adoro literatura russa. Sério.

Leon Nikolaievitch Tolstói, ou apenas Tolstói, escreveu muitos livros de diferentes temas, foi um homem eclético, ouso dizer inovador, pois ele não aceitou o ensino da maneira que lhe eram impostas, ele buscou suas pesquisas por si mesmo, criou seu caminho. Não sou uma profunda entendedora de suas obras além da que vos falo, mas tenho alguns nomes importantes em mente que foram seus primeiros trabalhos autobiográficos: A História da Minha Infância(1852), Adolescência(1854) e Mocidade(1857). E entre o segundo e o terceiro intercala-se A Manhã de um Fidalgo(1856) que foi inspirado em seus ideais e frustrações interiores de seu tempo de juventude. Vocês devem estar pensando agora "mas que porre de livros são esses? O cara passa os livros falado dele mesmo, deve ser um lixo" bom, eu não sei, eu não os li, mas posso afirmar algo, o livro Ana Karênina para mim foi genial, e daqui a pouco (se continuar lendo) explico o porque, então por que não dar uma chance ao Tolstoi? Pelo menos Manhã de um Fidalgo parece ser bom, pois, em Ana Karênina existe um personagem chamado Liêvin  e ele é o alter ego de Tolstoi, eu adoro ele, seus ideias, suas frustrações, suas inseguranças, então logo, posso esperar algo interessante.  E para completar, seguindo o fluxo de lançamentos, no "final" de sua carreira publicou até alguns que até poderiam ser considerados blasfemos por criticarem severamente a Igreja Ortodoxa, nessa época ele já cultivava a incredulidade no divino, algo que se mostra em Liêvin em Ana Karênina. Exemplos rápidos: Crítica à Teologia Dogmatica(1879) e(1883).

Voltando ao ponto principal, Ana Karênina foi publicado(se não me falha a memória)entre os anos de 1873/77, de maneira periódica no jornal como uma novela, e não preciso dizer que foi uma história acompanhada ferrenhamente por muitas leitoras. O livro se divide em vários núcleos que ao longo da história se cruzam, cada um com sua própria vida, enfim, é como uma novela romântica, e também centra bastante na relação marido em mulher, os três núcleos principais são casais, cada um infeliz e feliz a sua maneira.Na verdade o livro já começa com uma premissa do que você está para ler:

"Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma a sua maneira"

Já da para imaginar, né? A primeira cena mostrada no livro é um pai de família(nem um pouco inocente) que basicamente está a beira de uma separação. Stiepan Oblonski, um bonachão que só sabe gastar o dinheiro da família com diversões devassas, e mesmo assim tem um nome honrado na praça, sacumé? Quando chegavam as partes dele e da família dele no livro, eu juro, são as mais martirizantes para mim, não sei, simplesmente abomino esse homem, mas tenho uma imensa compaixão pela mulher dele, Dária. O resumo é, ela deu a luz a 7(sete) filhos (após o quinto, acho que o resto saiu andando), não é mais uma mulher bela, e ele, criatura irrelevante, acha que não está morto e que deve buscar essas "diversões" fora de casa.  Ela esteve a ponto de se separar desse traste, mas não o fez.Mesmo profundamente magoada (após descobrir a traição dele com a preceptora dos filhos!Pode isso Arnaldo?), não se separou do bacon ambulante. E então você me pergunta "por que?!". Bem, ai que nos é apresentada a "maravilhosa e desequilibrada" Ana Karênina, irmã do traste. Sua chegada já é marcada por uma paixão e uma tragédia, ela na estação do trem encontra Vronski pela primeira vez, rola uma tenção entre os olhares,  mas ela se faz de durona, afinal, é mulher casada. E logo após descer do trem e encontrar seu irmão bonachão ocorre um acidente trágico, um homem "atropelado" (HAHAHAHA) pelo trem, só pode ser "mal agouro" não é? Enfim, voltando ao problema anterior, Ana com sua lábia de mulher que é forçada a fazer teatro desde sempre, amansa Daria e passa a conversa de esquina na coitada, assim fazendo com que eles se entendam novamente. Oblonski não vai parar de trair Daria, e Daria, que ainda ama o marido e é mulher de fibra(não desequilibrada), aceita esse tipo de vida.

Agora vamos a mulher que deu nome ao livro, Ana Karênina, linda Karênina, descrita com uma pele muito clara, cabelos muito negros e ondulados, dona de movimentos atraentes e personalidade viva, daquelas que excepcionalmente conquistam sua platéia, (clichê? Sempre precisa ter a bela das belas). No entanto, ela é casada com o cara mais massante do livro (Bah, mas que maçada! -pois é.)  Alieksiei Aliesándrovitch Karênin. (queria ver você tentar falar esse nome bem rápido três vezes). Ela basicamente, tem repulsa completa e total por ele, mas são casados e não tem mais nada que se possa fazer além dela aceitar calada lá muito de vez em quando ele executar seus deveres de marido, e ela presa nessa gaiola social acaba se tornando uma ótima atriz! Conformada com o destino e que cala seus sentimentos em seu âmago, já aviso assim quando ela se liberta, tadã! Ana - desequilibrada - Karênina, aquela que não consegue viver sem platéia para adora-la, não consegue lidar com a paixão, insegura e instável, ama o filho do homem que odeia(chegando a comparar com o sentimento que tem por Vronski), mas se contenta com apenas uma visita, praticamente ignora a filha do homem que ama(ou pensa que ama) a vida é bela.Coitado do marido, ele não tem culpa de ser tão chato, e nem de ser um futuro corno manso, mas fazer o que? Eu até gosto dele sabe, mesmo com suas manias frias e sarcásticas  suas orelhas de abano, uma careca escrota e suas mãos ossudas, sabe, ele é bem mais velho que Ana. Ele e Ana são casados ha oito anos e o tão adorado filho (único) é um molequinho que passa de irrelevante a irritante e novamente irrelevante durante a trama, chamado Sierioja.

E badabum! No meio da trama aparece Conde Alieksiei Kirílovitch Vronski, o militar moreno, alto e de bigode estilo Gomez Addams, quase noivo (porque o protocolo social diz que ele deve pedir a mão dela) de  Kitty Tchierbátskaia, a princesinha loira, paixão secreta de Constantino Dmitrievitch Liêvin, o latifundiário simples e idealista. Deu pra perceber o enredo novelístico digno da Globo?Pois é...Mas não é tão ruim quanto parece. A história mesmo sendo as vezes um pouco(eufemismo) clichê, ela tem seu diferencial, para alguns ela prende o leitor de uma maneira agradável  e para outros desagrada pela complexidade de certas passagens, mas que de maneira nenhuma são desnecessárias, pelo menos eu não acho desnecessário, é conhecimento poxa! Exemplos são: Quando Liêvin explica a economia russa da época, ou personagens variados discutem assuntos sociológicos e políticos, ou ainda quando as referências russas sobre comida, medidas, coisas em geral brotam no texto ou ainda o pior, as várias e várias falas completamente em francês e você tem que buscar o dicionário para descobrir o significado de tudo isso, sorte que meu livro tem os significados de tudo nele mesmo, senão ia ser complicado, ia passar batido na verdade. Sério, naquela época era moda a nobreza falar francês. Enfim, mas esses encalços não me impediram de seguir em frente, mas é visto que essa obra não é para leitores inexperientes ou com pouca determinação.

Enfim, Vronski, no baile que decidiria o destino de Kitty e dele, se reencontra com Ana(bela Ana), aquela mulher de vestido simples preto mas de uma beleza diferenciada, a tenção estoura, ele dança apenas com ela o baile todo, mesmo tendo prometido dançar com sua (quase) noiva e criando um redevú dos infernos. Kitty rejeita Liêvin, Vronski (não tendo apresentado uma proposta depois dos flertes) rejeita Kitty. E a merda está feita.

Liêvin, um grande latifundiário, volta para sua aldeia de coração partido e se dedica inteiramente ao trabalho. Kitty a beira de um colapso fisiológico graças ao psicológico abalado vai com a família se "curar"  de sua "doença sem nome" em umas fontes no estrangeiro junto com a família, se não me engano é na Alemanha. E Vronski, o galã da novela das 9, corre atras de Ana até São Petersburgo e cola nela feito carrapato em lombo de boi.

Ele a persegue para todo o lado, em todas as reuniões sociais, e tem até certo apoio de uma das mulheres do círculo, afinal, "Uma mulher casada que atraiçoa o marido cometendo o adultério é vulgar, mas um herói romântico enamorado por uma mulher comprometida não é vulgar, é nobre." Enfim, vai entender, deve ser alguma pré-espécie de alguma fã de algum romance de esquina envolvendo homens cruzados com fadas dependentes e debiloides, cor de mármore que brilham ao sol.

Okay... Faz tempo que essas piadas não tem mais graça. Mas e dai? Me amem, me condenem, mas leiam o post e sigam o blog. It's just business.

Continuando, água mole pedra dura, tanto bate até que fura. Ana sucumbe ás investidas do homem, como o livro era de uma época diferente de hoje em dia (que 50 tons de cinza é a leitura diária e comum para meninas e senhoras que desejam (sem resultado algum) reacender seus casamentos arruinados) Não tem nenhum tipo de descrição do ato ou coisa do gênero, apenas sabemos que aconteceu pois os dois pombinhos se encontram em um divã, Vronski debruçado para ela tentando a sossegar e Ana profundamente abalada, se sentindo a pior das criminosas, mesmo que ela tivesse tido os melhores momentos da vida dela até aquele momento, o sentimento de culpa é tão grande que consegue sobrepor tudo isso. E então rola uma cena dramática e cheia de desespero misturada com ternura (poderia dizer que foi provinciano, poderia dizer que foi exagerado, mas todos que um dia se apaixonaram completa, perdida e indubitavelmente sabem que é possível). O engraçado é que eu não consigo ter pena desse casal, não consigo ter nenhum tipo de simpatia ou compaixão pelos dois.Ainda não descobri o por que, ainda não entendi perfeitamente qual é o traço da personalidade de ambos que me desagrada tanto, mas é fato que deles eu não gosto.Prefiro mil vezes a história paralela de Liêvin. Enfim voltando ao fio da história, todos sabem que quem nunca peca, só o primeiro pecado é o mais difícil, esse sentimento de culpa parece desaparecer quando ela está ao lado de Vronski, bem, é obvio que Ana continuou seus encontros com Vronski-galã maravilha, ai que ta o pega ratão, afinal, a culpa some mas volta, e quando volta me bem é pra derrubar, por que antes ela estava apenas se acumulando cada vez mais, agora imaginem uma mulher que se sente completamente culpada mas mesmo assim não consegue parar de fazer o errado, se entrega completamente a Vronski, abrindo seu coração e dependendo dele obsessivamente em certos casos, e ainda assim continua casada, o que pode-se fazer? Fugir? Divorciar-se? E Ana fica em cima do muro até que acontece o mais óbvio que poderia acontecer, barriga! Grávida! Prenha! Embarasada! E ainda assim casada com Karênin, ainda assim mortificada pela culpa, ainda assim desolada em um mundo hostil. Sim, algumas pessoas poderiam lidar com isso, mas lembrem-se de quem falamos, Ana - Desequilibrada - Karênina. E a bomba estoura quando Vronski sofre um acidente em uma corrida de cavalos, foi muito para a mulher aguentar.Ela conta tudo para o marido, pobre corno manso Karênin, que apenas secamente diz para ela manter as aparências, e então se enterra em seus trabalhos para esquecer a vida particular, mas é claro, muita, mas muuuita coisa acontece, isso ai foi apenas um breve resumo do casal Ana e Vronki até a  metade do primeiro livro, pois a obra de Tolsoi é dividida em dois livros.

Tolstoi, a sua maneira, descreve a sociedade Russa da época, a hipocrisia, a decadência nem sempre escondida sob a cortina, as motivações, as tragédias mas também o lado simples e belo. Esse contraste pode ser visto perfeitamente se compararmos os dois núcleos principais, Ana/Vronski e Liêvin/Kitty.(não, isso não é SPOILER, você sabia desde o início que o amor triunfa no final porque isso é um água com açúcar, capitchê? E vou dizer mais, no casamento deles lágrimas muito sinceras e nada gay quase escorreram por meus olhos, depois de passar um livro todo presenciando ambos os lados, Liêvin e Kitty, apenas a reconciliação valeu o dinheiro gasto no livro). Ele também parece tentar dar uma moral à história, onde só se encontra a felicidade nas pequenas coisas, nas simplicidades e na corretude. Pode se ver muito bem vendo novamente o contraste Ana e Kitty.

Bom, eu sei que muitos vão criticar esse livro, porque talvez eu não o tenha feito parecer bom.Mas leiam, é bom, é um romance mas tem um ar completamente diferente... Tem um ar russo (me gusta). Cada livro tem seu próprio ritmo, talvez seja por isso que quando mais jovem eu não gostasse muito de ler, sempre tinha que me adaptar ao ritmo.

Enfim, para aqueles que se interessam no livro, não pude deixar de pensar em uma ajudinha... Uma pequena lista, e acredite em mim, se você não for perspicaz o suficiente para descobrir que todos os nomes diferentes que Tolstoi usa, no final das contas, se referem a mesma pessoa, vai ser complicado seguir em frente, outro ponto que irrita muito os leitores, imagino eu, são os nomes russos relativamente complicados, eles normalmente indicam a família ou o pai, através dos sufixos "ov(a)", "ev(a)", "itch", "ovna" e "evna" e e o leitor pode ver o mesmo nome se repetir em muitas variantes...  E para melhorar o angu, existem os apelidos, e uma pessoa pode ter mais de um apelido também...


Ana Arcádievna Karênina - personagem principal

Alieksiei Aliesándrovitch Karênin - marido chato da Ana.

Sérgio Alieksiêivitch ou Sierioja ou Kútik - filho irrelevante do casal.

Conde Alieksiei Kirílovitch Vronski - galã maravilha das 9, amante da Ana

Condessa Vrônskaia - mãe do Vronski, viúva do Conde Kiril Ivanovitch Vronski

Annya - filha ignorada de Ana com Vronski

Catarina Tchierbátskaia ou Kitty ou Katienka  - jovem que no início se apaixona por Vronski

Stiepan Arcadievitch Oblonski ou Stiva - irmão de Ana, o bacon que aparece por primeiro no livro, gosta de gastar o crédito com festas, jantares e amantes..

Dária Alieksándrovna Oblonski ou Dolly ou Dacha ou Dólinka - mulher de Stiepan e irmã de Kitty.

Tatiana, Gricha, Macha e outros - filhos do casal desilusão Stiepan e Dária.

Príncipe Alieksei Tchierbátski -  casado com a Princesa Tchierbatskaia com quem tem 3 filhas, Dolly, Kitty e Natália (casada com Arsiêni Lvov).

Constantino Dmitrievitch Liêvin ou Kóstia - (alter ego do Tolstoi hohoho) - se casa com Kitty - homem ligado à terra, aos hábitos simples que, e incrivelmente apesar disso, é amigo do Oblonski.

Dmítri - filho de Liêvin e Kitty

Sérgio Ivanovitch Kósnichev - irmão mais velho de Liêvin, escritor.

Nicolau Liêvin - irmão de Liêvin, tuberculoso e alcóolatra.

E sem falar nos outros nomes dos personagens coadjuvantes, é muito nome para pouca capacidade de memorizar. kkkk

Espero que tenham gostado do post, eu gostei kkkkkk Se curtiu, deixa um comentário, segue o blog. Não vai machucar vai? E vai me deixar muito feliz. Até a próxima, #partiu.


Cultura é conhecimento e conhecimento é poder.                          *Peace Off


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Wuthering Heights

E para oficializar a abertura do Blog Biblioteca Populacho apresentarei um clássico (mesmo que seja o livro mais comentado, o assunto mais batido, eu preciso falar dele!), quiçá O clássico dos clássicos para mim, escrito por Emily Brontë.

Morro dos Ventos Uivantes


Não vejo maneira melhor de começar a falar dessa grande obra que não seja falando brevemente sobre sua autora. Emily, nascida na Inglaterra em 1818, era irmã de mais três escritoras, Charlotte e Anne. Seus escritos são em maioria poesias assinadas com seu pseudônimo Ellis Bell, sua única obra em prosa foi O Morro dos Ventos Uivantes. De personalidade introspectiva e bastante reservada (mais para frente pretendo fazer um comentário sobre isso) manteve um círculo de relações limitado.Estudou alemão como autodidata e tocava piano. Infelizmente morreu de maneira prematura aos seus 30 anos vítima da tuberculose.

A Obra.

A primeira vista o livro foi particularmente muito perturbador, pois a primeira "cena", por assim dizer, que Emily descreve para os leitores são as relações degradantes dos moradores do Morro dos Ventos Uivantes, presenciados pelo inquilino de uma propriedade vizinha [Thrushcross Grange], chamado meramente de Sr. Lookwood, um londrino introspectivo e tímido que busca encontrar a paz no campo.

Vamos dar uma olhadinha?

Bem, não pretendo contar toda a história, apenas dar uma pincelada, mas não se preocupe, irei como Jack Estripador, devagar e por partes...

Todo malefício começa de algum lugar - não que a essência dele fosse má, no entanto seus atos posteriores são inquestionavelmente maus... - e tudo começou com a chegada de um garoto pequeno que depois se revelou um homem introspectivo e de poucos amigos(senão nenhum), achado pelo Sr.Earnshaw nas ruas de Liverpool, pelo que parecia órfão. Sr.Earnshaw já tinha dois filhos, Catherine e Hindley, que nos primeiros momentos detestaram a nova "aquisição".E esse garoto foi chamado de Heathcliff.

Enfim, o menino com traços aciganados cresce odiado por Hindley, que por sua vez invejava a forma que o pai dava preferência ao estranho garoto em vez de seu próprio sangue, com isso desencadeando desavenças entre Hindley e Heathcliff as quais o Heathcliff nunca esquecerá.

Em contrapartida temos Catherine que se tornou a melhor amiga de Heathcliff, de uma forma que eu não ouso entender. A forma que Emily escreveu, fazendo Nelly, a empregada que vivenciou tudo e que conta a história toda para Lookwood, a narradora acaba por não nos proporcionar pormenores sobre essa relação, a não ser o fato de que eles eram visivelmente muito próximos.O fato do temperamento difícil de ambos, mesmo que Heathcliff não o externasse completamente. O ciúme, da parte de Heathcliff para com Catherine quando ele mostra que marcou quantas noites ela havia dedicado à ele.

-As cruzes marcam as noites que você dedicou aos Linton, os pontos as que você dedicou à mim. Está vendo: Marquei todos os dias.

Os Linton na época eram os proprietários das terras vizinhas, uma das mais belas propriedades do lugar, sendo cobiçada tanto quanto o Morro dos Ventos Uivantes. E graças as engrenagens maquiavélicas do destino, Edgar Linton se apaixona por Catherine, mas isso deixo para falar depois.

Voltado aos aspectos da relação Cathy x Heatcliff, também existiam:

Os caprichos imaturos da parte de Catherine... Eles podem ser lidos muitas vezes do livro, mas meu preferido é o que faz partir o coração de Heathcliff. Quando Linton pediu Catherine em casamento...

"Então(Nelly contando a história), submeti-a (Catherine) aos seguinte interrogatório. Para uma moça de 22 anos, não estava fora de propósito.
-Por que gosta dele Srta. Cathy?
-Que pergunta! Gosto... e isso basta
-Absolutamente. Deve dizer o por quê.
-Por que é belo e agrada estar em sua companhia [...] Porque é jovem e alegre [...] E porque gosta de mim [...] E será rico e eu gostaria de ser a mulher mais importante desta região, orgulhosa de tê-lo como marido."

E enquanto isso Heathcliff estava sentado no escuro quieto, escutando tudo sem ser percebido.

"-[...]Não me interessa casar com Edgar Linton, como não me interessava estar no céu. E se o sujeito perverso que aqui vive não houvesse degradado tanto Heathcliff, eu não teria pensado nisso. Agora me degradaria eu mesma, se casasse com Heathcliff"

Ai! É indicado colocar água sobre a área queimada. Nesse instante Heathcliff começa a se retirar silenciosamente do local, e também acaba por perder uma linda declaração... Se é que se pode chamar de declaração... Pois ela já amava Heathcliff, apenas não dava a importância necessária à isso, talvez pela imaturidade, como mostra as inscrições achadas por Lookwood no Morro dos Ventos Uivantes com o nome dela mesma terminando com o sobrenome ora Heathcliff ora Linton. E também graças a uma parte seguinte à conversa...

"-Enquanto eu for viva, Helena(Nelly), nenhum mortal conseguirá isso(separar Cathy e Heathcliff).Poderão todos os Linton da terra desaparecer, mas não consentirei em apartar-me de Heathcliff.Oh! Não é isso o que quero dizer... não é isso que pretendo! [...] Nelly, eu vejo agora, tu me julgas uma miserável egoísta, mas nunca te passou pela cabeça que, se Heathcliff e eu nos casarmos, seremos mendigos? Enquanto que, se me casar com Linton, posso ajudar Heathcliff a erguer-se, colocando-o fora do jugo do meu irmão.[...] É ele a minha grande razão de viver. Se tudo perecesse, mas Ele ficasse, eu continuaria a existir."

Isso explica o fantasma que nunca abandonou Heathcliff? (hohoho spoiler)

"[...] Meu amor por Linton é como a folhagem dos boques: o tempo o transformará, estou bem certa, como o inverno muda as árvores. Meu amor por Heathcliff assemelha-se aos rochedos imotos que jazem por baixo do solo> fonte de alegria pouco aparente mas necessária. Nelly eu sou Heathcliff! Ele está sempre, sempre, em meu pensamento"

Por fim, essa relação nascia em um meio em que as convenções sociais e as perversidades naturais do homem constituem uma força contra a qual não se pode lutar, deturpando de tal forma essas duas criaturas que se torna impossível um recomeço que não seja a morte de ambos. Não, esse livro não se trata de tragédia Romeu e Julieta, mesmo sendo uma tragédia romântica, e das boas.

Na mesma noite que Cathy aceita o casamento, Heathcliff some no mundo partindo o coração de Cathy.

Catherine se casa com Linton, o que na minha opinião foi o começo de sua morte interior, ela que sempre foi uma mulher de sangue quente, emoções fortes que a cegavam, acaba por mudar seu jeito de ser estando ao lado de Linton, perdendo toda a vivacidade que tinha ao lado de Heathcliff. O casamento para ela no meu ponto de vista (nem tão bem visto) foi como uma gaiola para um passarinho selvagem. Uma frase que adoro é quando ela briga com Linton, um tremendo covardão, e diz:

"-[...] Teu sangue sempre tão calmo não conhece as ardências da febre.Tuas veias estão cheias de água gelada, mas as minhas fervem e, diante de semelhante frieza, pulam."


Bem, acho que já chega não é? Não estou aqui para fazer resumo ou coisa parecida. Vamos ás especulações pessoais.

Ponto de vista nem tão bem visto.

O livro foi muito bem escrito, sem dúvida. Esses dias, preparando esse post tive um estalo, ei! Lembra que falei que iria comentar isso?  "Introspectivo", "Poucos amigos"... Não lembra a autora? É apenas uma especulação pessoal, mas, não faz sentido?  Apenas Emily poderia entender perfeita e profundamente Heathcliff e seus sentimentos, não por que ela é a sua criadora, mas por que Heathcliff tem traços de Emily. Poderia ser o personagem um espelho pessoal de algum trauma pessoal? Apenas Emily(ou alguém que já tenha passado por isso ou sentido esse sentimento) poderia medir seu amor, a profundidade, a nobreza que logo se deturpou e degradou, como é do feitio do amor, facilmente se envenenar. Apenas o completo entendimento de um personagem poderia imortaliza-lo dessa maneira. Talvez seja apenas minha imaginação, afinal não tenho nenhum prova maior do fato, [ por isso é apenas especulação, então não me apedrejem  pfv ;^; ]  talvez nunca saibamos pelo que ela passou na vida para ter criado Heathcliff, o modelo de um vilão "diferente".

Que tal fechar o post com um pouquinho do livro?


"-Ei de tê-la uma vez mais entre meus braços! Se ela estiver gelada, pensarei que é o vento norte que me enregela. E se imóvel ela está, é porque adormeceu."



Cultura é conhecimento e conhecimento é poder.                          *Peace Off